Mulheres metodistas na educação escolar: ensinando no interior paulista na Primeira República
Resumo
A educação escolar protestante no Brasil, da segunda metade do século XIX às primeiras décadas do século XX, em muito, é devedora à ação de mulheres. Algo não muito comum na sociedade brasileira de então, já que a educação feminina se restringia, até 1827, às escolas de primeiras letras (ROSEMBERG, 2012, p. 334). A ação das missionárias que se envolveram na organização de escolas nesse período pode ser compreendida tanto na perspectiva da relevância que davam ao ensino como forma de fortalecer suas igrejas quanto pela possibilidade que franqueavam no sentido de dar visibilidade à participação feminina em uma sociedade cujos poderes sociais se concentravam nos homens. Assim, o protagonismo feminino na educação protestante no Brasil, na virada do século XIX para o XX, pode ser compreendido a partir da noção de empoderamento, que, segundo Guerrero (2015, p. 62), pode ser compreendido como “o mecanismo pelo qual as pessoas e as coletividades vão progressivamente tomando controle de seus próprios assuntos, de sua vida e seu destino”. As mulheres metodistas, em particular, se desdobram para ter o controle de suas práticas em uma sociedade na qual os papéis femininos ainda estavam reservados ao espaço doméstico.