O turismo cultural direcionado às religiões afro- brasileiras em Alagoas: 1970 e 1980.

Autores

  • Gabriela Torres Dias UFAL

Resumo

A apropriação da cultura afro-brasileira pela indústria cultural durante as décadas de 1970 e 1980 coincide com o momento de reorganização da economia brasileira, que segundo Renato Ortiz, estava cada vez mais inserida “no processo de internacionalização do capital” (p. 80). É nesse momento de expansão do capitalismo brasileiro que se desenvolveram várias práticas de controle e incentivo à cultura popular pelo estado nacional, o qual buscava ampliar a vida cultural no país. Respaldado no discurso da integração nacional e segurança nacional o estado assumiu uma postura de salvaguardar a memória da nação, assim a cultura brasileira virava sinônimo de segurança e defesa dos bens que integravam o patrimônio histórico (ORTIZ, 2006, p. 100). A principal forma de exercer essa valorização foi através do estímulo às atividades turísticas, ou seja, o turismo torna-se um mecanismo de preservação do patrimônio histórico-cultural. Este pensamento ensejou uma série de políticas públicas pelo estado nacional que visavam à preservação de monumentos ou de áreas consideradas símbolos regionais ou nacionais, como as políticas de tombamento e revitalização.

Em Alagoas, no que diz respeito às manifestações negras, a forma de aplicação destas políticas não fugiu aos padrões nacionais de incentivo ao turismo e deu-se, sobretudo, através dos cultos afro-brasileiros em especial às suas festas de santo. A intervenção estatal nas Federações de culto eram, sem dúvida, a principal forma de controle, pois, como representantes institucionais dos terreiros, eram elas que cuidavam de organizar os cultos e promoviam as festas de caráter público.

A imprensa local sempre dava cobertura
a tais festas, divulgava os locais onde seriam realizadas e buscava em suas matérias, substituir a linguagem pejorativa por um discurso mais ameno ao tratar a religião como folclore negro. A partir da análise dessas matérias publicadas especialmente no Jornal de Alagoas, durante as décadas de 1970 e 1980, e de algumas entrevistas feitas com pais e mães de santo busca-se entender como o processo de folclorização das religiões afro- brasileiras associado ao processo de apropriação da cultura afro-brasileira em geral pela indústria do turismo se deu em Alagoas, e quais as repercussões disso para a reinserção desses cultos no estado durante o período estudado.

 

 

 

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Publicado

2015-08-16

Como Citar

Dias, G. T. (2015). O turismo cultural direcionado às religiões afro- brasileiras em Alagoas: 1970 e 1980. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/1031