RELIGIÃO, INSTITUIÇÕES E CONFLITOS: REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE PRESBITERIANISMO E CATOLICISMO NA ZONA DA MATA MINEIRA.

Resumo

O objetivo nesse artigo é contextualizar os conflitos entre presbiterianos e católicos em dois municípios da Zona da Mata mineira e discutir algumas questões teóricas e metodológicas sobre o estudo do protestantismo e do catolicismo. Alto Jequitibá e Manhumirim são pequenas cidades de Minas Gerais, localizadas ao lado oeste da Serra do Caparaó e distantes 7 km uma da outra. Em Alto Jequitibá foi fundada, em 1902, a Igreja Presbiteriana que capitaneou o projeto missionário de consolidação e expansão do presbiterianismo na Zona da Mata e Leste de Minas e grande parte do estado do Espírito Santo. Além da evangelização, os presbiterianos investiram na educação ginasial e colegial e desempenharam grande influência no campo político. A ‘reação católica’ frente à organização e crescimento dos protestantes tem como grande marco a criação, em 1929, da Congregação dos Missionários Sacramentinos, primeiro instituto católico fundado em terras brasileiras. Manhumirim foi a cidade sede dessa Congregação que, respaldada pela cúria diocesana, assumiu a coordenação de paróquias, investiu na formação leiga e sacerdotal, interferiu na política local e, por conseguinte, encampou forte oposição ao crescimento da Igreja Presbiteriana. Assim, sacramentinos e presbiterianos protagonizaram embates que ganharam dimensões maiores do que a disputa por fiéis e/ou lógicas explicativas da vida religiosa, modelando, em grande medida, o campo religioso nessas duas cidades e adjacências. O intuito, nesse texto, é apresentar alguns elementos contextuais e conjunturais que propiciaram a fundação da Igreja Presbiteriana, em Alto Jequitibá, e a criação da Congregação dos Missionários Sacramentinos, em Manhumirim, bem como sugerir alguns aportes teóricos e metodológicos para analisar esse conflito entre católicos e protestantes.