PETER BERGER E O CONCEITO DE CARISMA: O CASO DA VIDENTE LEVINA
Resumo
Maria Goretti Lanna[1]
Nos anos 1960, na zona rural do município de Guiricema, no interior de Minas Gerais, um movimento de devoção a Nossa Senhora, que surgiu a partir dos relatos de suas aparições em uma fazenda na Serra da Mutuca, inicialmente a três crianças, revelou uma liderança carismática de grande influência na região, representada pela vidente Levina. Ao longo de quase vinte anos, vários religiosos de diversas Ordens e Congregações da Igreja Católica (ICAR), inconformados com as reformas resultantes do Concílio Vaticano II, se uniram em torno da vidente, realizando um trabalho conjunto com a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) e com a recém-criada Igreja Católica de Palmar de Troya, na Espanha, exercitando o catolicismo de forma autônoma, desvinculados de Roma. Os conflitos com a Diocese de Leopoldina, que negava as aparições da santa e necessitava instaurar as alterações advindas do Concílio Vaticano II, para isto resistindo ao movimento popular de devoção a Nossa Senhora através de vários meios de coerção, levou parte da comunidade em torno da montanha, sob a liderança de Levina, a romper com a Igreja Católica, passando a contar com a colaboração dos religiosos que passaram a residir no local, dando origem ao povoado denominado Santa Montanha.
Palavras-chave: Igreja Católica, vidente, carisma, aparições marianas, Santa Montanha.
[1] Mestra e Doutoranda em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora.