“ROUPA BOA, SANTO BOM”: LUXO, MUDANÇAS E TROCAS SIMBÓLICAS
Resumo
RESUMO: As noites de festejos são muito importantes para os grupos religiosos praticantes do Terecô em Bacabal-MA. Nesses espaços, são comuns cantos e louvações nos dias dos santos e orixás, bem como confecção de roupas para reverenciar as divindades frequentes nos centros do interior do Maranhão, os caboclos, léguas, princesas, exus, entre outras. O presente trabalho, que se ocupa com o terreiro do Pai de Santo Francisco José e Angela Maria ou Angela de Oxum, no município de Bacabal, objetiva através da observação participante e da etnografia, enfocar o processo de escolha, feitura das roupas e o seu momento de ritual exclusivo para o dia de uso da vestimenta nova, além de perceber o trânsito econômico contido na aquisição do bem material e seus intercâmbios entre outros terreiros durante os dias de festas. São dias e meses de investimentos e preparações. Para os sujeitos do terreiro de São Raimundo o dia da fardagem nova é importante para o ciclo anual da vida no santo. O dia do traje novo para o santo conta também com a curiosidade dos diversos outros terreiros que participam da grande festa. Muitas casas de Santo tem modificado sua lógica através da vestimenta. A festa é o momento de confraternização, restabelecimento do fluxo entre as casas e fortalecimento de vínculos. O Terecô de Bacabal é visto como uma festa de luxo, momento de reverenciar os orixás pelos benefícios diários. A veste tem possibilitado entender os processos e dinâmicas da casa e seus fluxos ligados ao sagrado.